top of page

A FORÇA E A MAGIA DO OLHAR NA EDUCAÇÃO*

Sobre a palestra de Johannes Grainer em São Luís proferida no dia 12 de julho de 2018

Fotos: Isabell Mendonça

Professora Verônica Pascucci e Johannes Grainer

A experiência que vou relatar é a de um professor que mudou o seu olhar e a sua pergunta, diante do desafio de ensinar música a uma criança que não conseguia aprender. Eu me perguntava: “por que você não aprende? ” e essa pergunta transparecia pelo meu olhar. A partir de uma mudança de postura eu mudei o olhar e a pergunta passou a ser: “o que você pode aprender?” . Os resultados positivos foram imediatos.

Eis minha dica para os professores: imaginar o que a criança pode aprender, pois essa imaginação tem o poder de asas para a criança. É uma relação dinâmica entre o que o aluno pode aprender e o que o professor olha nesse aluno como potencial.

Esse tipo de olhar não se limita ao olho, mas se expande pelo ouvir, pela percepção do outro. Nós, seres humanos, precisamos que os outros queiram nos ver para que possamos existir. Precisamos ser vistos e reconhecidos. Em geral, entre amigos somos nós mesmos. Mas com os outros temos dificuldade em lidar com status, posturas, etc.

Chegamos aos poucos a este mundo; não chegamos prontos. Passamos por muitos nascimentos durante a vida e precisamos dos outros para que esses nascimentos aconteçam. Os outros devem perceber nossas mudanças e funcionam como parteiras do nosso EU. O anjo é a representação desse movimento. Devemos nos fazer a pergunta: COMO MEU ANJO ME VÊ?

Duas coisas devem ser consideradas quando tento entender como o meu anjo me vê:

1) O anjo diz SIM para mim do jeito que eu sou. É comovente saber disso.

2) Meu anjo me vê lá longe; vê meu potencial no meu futuro – uma imagem fiel e verdadeira do que eu sou. Ou seja, ele me aceita como sou e me vê da forma como posso ser potencialmente. Essa é a maneira mais correta para o educador ver seus alunos. O professor tem que procurar ver o potencial da criança e conciliar as duas vertentes: o que ela é no presente e o que ela pode vir a ser. Não pode pender para nenhum dos lados, pois se só aceita o presente não há desenvolvimento; se só vê o potencial para o futuro o professor se torna muito exigente.

Há um grande poder na forma como nós olhamos. Existe uma linha energética entre nós e cada pessoa com que nos relacionamos. O professor deve manter esse fio bem limpo e luminoso. Quando percebo que tenho sentimentos ruins para com determinada pessoa, não devo dormir até que esse fio com essa pessoa fique totalmente limpo. Na manhã seguinte a relação estará melhor.

Antes eu achava que um conflito entre duas pessoas só podia ser resolvido quando as duas partes queriam resolver. Mas essa prática noturna mudou meu entendimento a esse respeito. Limpar os fios que nos unem é uma prática poderosa. Por que? Duas razões:

1) Dependendo do que penso dessa pessoa, algo do Eterno atua nela. Nas sucessivas e diferentes encarnações descobri que tudo muda de uma vida para outra, exceto “aquilo” por trás dos olhos – na forma de olhar.

Na forma de olhar está a força de tudo que já vivemos em todas as encarnações. Quando alguém me vê de fato significa que minha eternidade e a do outro se encontram. Por isso nas línguas mais antigas dizer EU VEJO VOCÊ é o mesmo que dizer EU AMO VOCÊ.

2) Acredito que temos o mesmo anjo por todas as encarnações. Eles nos ajudam a estar no lugar correto no momento certo.

Os anjos trabalham três dias (sic) para planejar e manifestar nossos encontros. Eles pensam com imagens. Entendemos isso pela mitologia antiga, nas imagens dos contos. Por isso é tão importante a imagem que temos de nós e dos outros. Se tenho uma imagem falsa de alguém, estou fornecendo a meu anjo uma imagem falsa dessa pessoa. Assim o trabalho conjunto com nosso anjo não flui. O trabalho grupal não flui quando ocorre esse envio de imagens falsas aos anjos. Quando pensamos em alguém de uma forma limpa, estamos dando boas imagens aos anjos.

Qual o olhar que tenho de mim mesmo? Tenho máscaras? Se tenho uma imagem falsa, também serei falso socialmente. Não conseguir olhar as pessoas como elas são e as mudanças pelas quais passam é um dos maiores problemas nas relações sociais.

Nossa meta como humanidade é AMAR A PARTIR DA LIBERDADE.

*____ Texto adaptado por Maria Cláudia Baima, jornalista, pedagoga e membro do Conselho da Associação Guará Mirim sobre a palestra proferida por Johannes Greiner, professor Waldorf de música e membro da Comissão Diretiva da Sociedade Antroposófica na Suíça

Posts Em Destaque
Posts Recentes
Arquivo
Procurar por tags
Nenhum tag.
Siga
  • Facebook Basic Square
  • Twitter Basic Square
  • Google+ Basic Square
bottom of page